quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Geração de 70
Geração de 70 ou Geração de Coimbra foi um movimento académico de Coimbra do século XIX que veio revolucionar várias dimensões da cultura portuguesa, da política à literatura, onde a renovação se manifestou com a introdução do realismo.
Num ambiente boémio, na cidade universitária de Coimbra, Antero de Quental, Eça de Queiroz, Oliveira Martins, entre outros jovens intelectuais, reuniam-se para trocar ideias, livros e formas para renovação da vida política e cultural portuguesa. Portugal vivia então uma autêntica revolução com os novos meios de transportes ferroviários, que traziam todos os dias novidades do centro da Europa, influenciando esta geração para as novas ideologias. Foi o início da Geração de 70.
Em Coimbra, este Grupo gerou uma polémica em torno do confronto literário com os ultra românticos do "bom senso e do bom gosto", disputa mais conhecida como a Questão coimbrã. Mais tarde, já em Lisboa, os agora licenciados formaram o grupo Cenáculo. Em 1871, o grupo organizou uma série conferências no Casino Lisbonense, para discutir temas ligados à literatura, educação, religião e política. As conferências acabaram por ser proibidas pelo governo.
Depois das reuniões, a geração de oiro de Coimbra acabou por não conseguir fazer mais nada, muito menos executar os seus planos de revolucionar o país, e seus integrantes acabaram por se autodenominar "os vencidos da vida", por sugestão de Joaquim Pedro de Oliveira Martins. A denominação decorre claramente da renúncia dos membros do grupo às suas aspirações de juventude. O grupo incluía, além de Joaquim Pedro de Oliveira Martins, José Duarte Ramalho Ortigão, António Cândido Ribeiro da Costa, Guerra Junqueiro, Luís de Soveral, Francisco Manuel de Melo Breyner (3.° conde de Ficalho), Carlos Félix de Lima Mayer, Carlos Lobo de Ávila, Bernardo Pinheiro Correia de Melo (1º Conde de Arnoso) eAntónio Maria Vasco de Mello Silva César e Menezes (9.º conde de Sabugosa), entre outros. Eça de Queirós integrou o grupo a partir de 1889.
Questão Coimbrã
Questão Coimbrã (também conhecida como Questão do Bom Senso e Bom Gosto) foi uma polémica literária ocorrida em meados do século XIX em Portugal. Contrapunha os defensores do status, desactualizados em relação à cultura europeia, e um grupo de jovens escritores estudantes em Coimbra, que tinham assimilado as ideias novas.
Castilho tornara-se um padrinho oficial dos escritores mais novos, tais como Ernesto Biester, Tomás Ribeiro ou Manuel Joaquim Pinheiro Chagas. Dispunha de influência e relações que lhe permitiam facilitar a vida literária a muitos estreantes, serviço que estes lhe pagavam em elogios.
Em redor de Castilho formou-se assim um grupo em que o academismo e o formalismo vazio das produções literárias correspondia à hipocrisia das relações humanas, e em que todo o realismo desaparecia, grupo que Antero de Quental chamaria de «escola de elogio mútuo». Em 1865, solicitado a apadrinhar com um posfácio o Poema da Mocidade de Pinheiro Chagas, Castilho aproveitou a ocasião para, sob a forma de uma Carta ao Editor António Maria Pereira, censurar um grupo de jovens de Coimbra, que acusava de exibicionismo, de obscuridade propositada e de tratarem temas que nada tinham a ver com a poesia, acusava-os de ter também falta de bom senso e de bom gosto. Os escritores mencionados eram Teófilo Braga, autor dos poemas Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras; Antero de Quental, que então publicara as Odes Modernas, e um escritor em prosa, Vieira de Castro, o único que Castilho distinguia.
Antero de Quental respondeu com uma Carta Aberta publicada em folheto dizendo que os românticos estão "ultrapassados" . Nela defendia a independência dos jovens escritores; apontava a gravidade da missão dos poetas da época de grandes transformações em curso e a necessidade de eles serem os arautos dos grandes problemas ideológicos da actualidade, e metia a ridículo a futilidade e insignificância da poesia de Castilho.
Ao mesmo tempo, Teófilo Braga solidarizava-se com Antero no folheto Teocracias Literárias(eBook), no qual afirmava que Castilho devia a celebridade à circunstância de ser cego. Pouco depois Antero desenvolvia as ideias já expostas na Carta a Castilho no folheto A Dignidade das Letras e Literaturas Oficiais, evidenciando a necessidade de criar uma literatura que estivesse à altura de tratar os temas mais importantes da actualidade. Seguiram-se intervenções de uma parte e de outra, em que o problema levantado por Antero ficou esquecido. Provocou grande celeuma o tom irreverente com que Antero se dirigiu aos cabelos brancos do velho escritor, e a referência de Teófilo à cegueira dele.
Foi isto o que mais impressionou Ramalho Ortigão, que num opúsculo intitulado A Literatura de Hoje, 1866, censurava aos rapazes as suas inconveniências, ao mesmo tempo que afirmava não saber o que realmente estava em discussão. Este opúsculo deu lugar a um duelo do autor com Antero. Mas outro escrito, este de Camilo Castelo Branco, favorável a Castilho — Vaidades Irritadas e Irritantes — não suscitou reacções. Na realidade nada foi acrescentado aos dois folhetos de Antero durante os longos meses que a polémica durou ainda. Eça de Queiroz, em O Crime do Padre Amaro, de forma implícita, toma parte dos jovens literários.
Eça de Queirós Biografia
José Maria de Eça de Queirós nasceu em 25 de novembro de 1845, numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no centro da cidade; foi batizado na Igreja Matriz de Vila do Conde. Filho de José Maria Teixeira de Queirós, nascido no Rio de Janeiro em 1820, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em Monção em 1826. O pai de Eça de Queirós, magistrado e par do reino, convivia regularmente com Camilo Castelo Branco, quando este vinha à Póvoa para se divertir no Largo do Café Chinês.
Eça de Queirós foi batizado como «filho natural de José Maria d'Almeida de Teixeira de Queirós e a mãe era Carolina Augusta Pereira de Eça».
Uma das teses para tentar justificar o facto dos pais do escritor não se terem casado antes do nascimento deste sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queirós, quando o menino tinha quase quatro anos. Eça por sua vez apresenta episódios incestuosos em criança relatados no diário de sua prima. Por via dessas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna. Nessa altura, foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra, onde estudou Direito. Além do escritor, os pais teriam mais seis filhos.
Em 1866, Eça de Queirós terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo. Foi director do periódico O Distrito de Évora e colaborou em publicações periódicas como a Feira da Ladra (1929-1943), A imprensa (1885-1891) e Ribaltas e gambiarras (1881). Porém, continuaria a colaborar esporadicamente em jornais e revistas ocasionalmente durante toda a vida. Mais tarde fundaria a Revista de Portugal.
Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Os seus primeiros trabalhos, publicados avulso na revista "Gazeta de Portugal", foram depois coligidos em livro, publicado postumamente com o título Prosas Bárbaras.O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra. Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Justiça, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade. Foi ainda escritor e poeta.
Em 1869 e 1870, Eça de Queirós fez uma viagem de seis semanas ao Oriente (de 23 de outubro de 1869 a 3 de janeiro de 1870), em companhia de D. Luís de Castro, 5.º conde de Resende, irmão da sua futura mulher, D. Emília de Castro, tendo assistido no Egipto à inauguração do canal do Suez: os jornais do Cairo referem «Le Comte de Rezende, grand amiral de Portugal et chevalier de Queirós». Visitaram, igualmente, a Palestina. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o O mistério da estrada de Sintra, em 1870, e A relíquia, publicado em 1887.4 Em 1871, foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.
Em 1870 ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do concelho de Leiria. Foi enquanto permaneceu nesta cidade, que Eça de Queirós escreveu a sua primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro, publicada em 1875.
Tendo ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em Havana. Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em Inglaterra, entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Manteve a sua actividade jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888 seria nomeado cônsul em Paris.
Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do século XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara que se passa no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.
Aos 40 anos casou com Emília de Castro, com quem teve 4 filhos: Alberto, António, José Maria e Maria.
Morreu em 16 de Agosto de 1900 na sua casa de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris. Teve funeral de Estado,6 estando sepultado em Santa Cruz do Douro.
Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra. Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente vinte línguas.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Caracterização das personagens
Madalena de Vilhena
É uma heroína romântica, vive
marcada por conflitos interiores e pelo passado. Os sentimentos e a
sensibilidade sobrepõe-se à razão e é uma mulher em constante
sofrimento. Crê em agoiros, superstições e dias fatais (a sexta-feira). É
uma sofredora, tem um amor intenso e uma preocupação constante com a
filha Maria, contudo coloca a cima de tudo a sua felicidade e amor ao
lado de Manuel de Sousa, mesmo o seu amor à pátria é menor do que o que
sente por Manuel. No final da obra, aceita o convento como solução,
mas fá-lo seguindo Manuel (ele foi? Eu vou)
Manuel de Sousa Coutinho
É
o típico herói clássico, dominado pela razão, que se orienta por
valores universais, como a honra, a lealdade, a liberdade; é um
patriota, um velho português às direitas, forte, corajoso e decidido (o
incêndio), bom marido, pai terno, não sente ciúmes do passado e não crê
em agoiros. O incêndio e a decisão
violenta de o concretizar é um traço romântico.
Contudo, esta personagem evolui de uma atitude interior de força e de
coragem e segurança para um comportamento de medo, de dor, sofrimento,
insegurança e piedosa mentira no acto III quando teme pela saúde da
filha e pela sua condição social.
No final da
obra, mostra-se tão decidido como noutros momentos: abandona tudo (bens,
vida, mundo)e refugia-se no convento.
Maria de Noronha
É a mulher-anjo dos românticos (fisicamente é fraca e frágil; psicologicamente é muito forte).
Nobre, de inteligência precoce, é muito culta, intuitiva e perspicaz.
Muito curiosa, quer saber tudo... É uma romântica: é nacionalista,
idealista, sonhadora, fantasiosa, patriota, crente em agoiros e uma
sebastianista.
É a vitima inocente de toda a
situação e acaba por morrer fisicamente, tocada pela vergonha de se
sentir filha ilegítima (está tuberculosa).
D. João de Portugal
Nobre cavaleiro, está ausente fisicamente durante o I e o II acto da
peça. Contudo, está sempre presente na memória e palavras de Telmo, na
consciência de Madalena, nas palavras de Manuel e na intuição de Maria.
É sempre lembrado como patriota, digno, honrado, forte, fiel ao seu
rei; quando regressa, na pele do Romeiro é austero e misterioso,
representa um destino cruel, é implacável, destrói uma família e a sua
felicidade, mas acaba por ser, também ele, vitima desse destino.
Resta-lhe então a solidão, o vazio e a certeza de que ele já só faz
parte do mundo dos mortos (é “ninguém”; madalena não o reconhece; Telmo
preferia que ele não tivesse voltado pois Maria ocupou o seu lugar no
coração do velho escudeiro):
D. João é uma figura
simbólica: representa o passado, a época gloriosa dos descobrimentos;
representa também o presente, a pátria morta e sem identidade na mão dos
espanhóis / e é a imagem da pátria cativa.
Telmo Pais
É o velho aio, não é nobre, contudo a sua convivência com as famílias
nobres, “deu-lhe” todas as características de um nobre (postura, fala,
educação, cultura...).
É o confidente de Madalena e
de Maria. Fiel, dedicado, é o elo e ligação entre as duas famílias (os
dois maridos de Madalena), é a chama viva do passado que alimenta os
terrores de Madalena.
É muito critico, cria juízos de valor e é
através dele que consciência das personagens fragmentada que vive num
profundo conflito interior pois sente-se dividido entre D, João e Maria,
não sabendo o que fazer.
É um sebastianistas e sofre muito pela sua lealdade.
Frei Jorge
Irmão de Manuel de Sousa, representa a autoridade de Igreja. É também
confidente de Madalena, pois é a ele que ela confessa o seu “Terrível”
pecado: amou Manuel de Sousa ainda D. João era vivo. É um uma figura
moderadora, que procura harmonizar o conflito, modera os sentimentos
trágicos. Acompanha sempre a família, é conciliador, pacificador e impõe
uma certa racionalidade, procurando manter o equilíbrio no meio de uma
família angustiada e desfeita.
Comunicado e as suas caracteristicas
Comunicado é um texto cativante,
inédito, verdadeiro, objectivo e denotativo. Um comunicado representa
um antónimo de comunicação já que este não espera obter uma resposta por
parte do receptor, enquanto que para haver comunicação têm que pelo
menos existir um emissor e um receptor. Os comunicados são escritos para
anunciar alguma ideia ou lei (comunicar algo a alguém).
Em
geral, o comunicado contém informação voltada para os próprios
jornalistas, como a troca nos números de telefone da instituição ou o
cancelamento de uma entrevista coletiva, por exemplo.
Ao primeiro paragrafo chama-mos de introdução ou lead.
Alguns apresentam introdução de acordo com a estrutura do texto
narrativo. Outros têm, logo no inicio, um parágrafo-síntese da matéria
que o resto do texto desenvolve (data, hora, local, entidade/s
predominantemente envolvida/s)
Os
restantes parágrafos têm tendência a ser curtos, com uma linguagem
simples e muito clara e contêm as informações ordenadas das mais
importantes para as menos importantes.
Tipos
de comunicado Existem diversos tipos de comunicado: de reunião, de
evento, de modificação de um local ou uma data, etc. Irá depender do
objetivo do comunicado. Se for comunicar sobre uma reunião, então
teremos o comunicado de reunião, se for para informar sobre um
determinado evento, então será um comunicado de evento e, assim,
sucessivamente. Um comunicado apresenta uma estrutura básica para
qualquer que seja o tipo. Vejamos o que essa estrutura deve conter:
Estrutura básica do comunicado • Nome dos organizadores: Exemplo:
Prefeitura Municipal de Natal; Escola de Pesca do Rio Grande do Norte. •
Objetivo: Exemplo: A inauguração do Centro de Integração foi
transferida para outra data. • Local e data: Exemplo: Natal, 15 de abril
de 2013. • Assinatura: Exemplo: Fulano de Tal/ Cargo.
Memória ao conservatório real
O Conservatório de Arte Dramática foi criado pela rainha D. Maria II por um decreto de 15 de novembro de1838. Ficou estabelecido que este incluiria escolas de Artes Dramáticas, Música, Dança, Mímica e Ginástica Especial.
A Memória ao Conservatório Real foi lida, por Almeida Garrett, em conferência no Conservatório Real deLisboa, a 6 de maio de 1843, a propósito do Frei Luís de Sousa.
Nessa altura, também o texto de Frei Luís de Sousa foi dito a uma só voz, a de Garrett, para os seus paresdo Conservatório. O próprio Almeida Garrett reconheceria, mais tarde, que o facto de o seu drama ter tido"favorável juízo do Conservatório" ajudou a que começasse a ser "benquisto do público antes ainda de lhe ser apresentado".
Na Memória ao Conservatório Real, Almeida Garrett compara "a desesperada resignação de Prometeu" e osremorsos de Édipo nas tragédias da antiguidade clássica e conclui que não são superiores aos "tormentosde coração e de espírito" que aqui padece Manuel de Sousa Coutinho, "o amante delicado, o paiestremecido, o cristão sincero e temente do seu Deus". Compara ainda os terrores de Jocasta (que "fazemarrepiar as carnes, mas são mais asquerosos do que sublimes") com a dor, a vergonha, os sustos de D.Madalena de Vilhena que "revolvem mais profundamente no coração todas as piedades".
domingo, 2 de fevereiro de 2014
Frei Luis de Sousa / Batalha / D.Sebastião
Biografia
Era o quarto ou quinto filho de Lopo de Sousa Coutinho, um militar que combateu na Índia e foi governador da Mina no tempo de D. João III, e de D. Maria de Noronha, filha de D. Fernando de Noronha, Capitão de Azamor.
Com pouco mais de vinte anos, viajando junto às costas da Sardenha, é feito aí prisioneiro por corsários mouros que o encarceraram em Argel, vindo a conhecer na prisão Miguel de Cervantes. Libertado em 1577, viveu durante algum tempo em Valência, regressando depois a Portugal, onde foi, em 1580, nomeado Alcaide e capitão-mor de Marialva. Por volta de 1583 casou-se com Madalena de Vilhena, viúva de D. João de Portugal. Foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Almada por três vezes, entre 1590 e 1597. Em 17 de Março de 1594 foi feito fidalgo cavaleiro. Em 1600 é Capitão-Mor de Almada e seu Guarda-Mor da Saúde.
Obra
- Navigatio Antartica ad Doctorem Franciscum Guidum, civem Panamensem.
- Vida de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires (1619), dividida nos livros primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto e sexto.
- Primeira Parte da História de S. Domingos (1623).
- Segunda Parte da História de S. Domingos (publicada em 1662 por Frei António da Encarnação).
- Terceira Parte da História de S. Domingos (publicada em 1678; foi depois publicada uma quarta parte da História dos Dominicanos, em 1733, escrita por Fr. Lucas de Santa Catarina).
- Anais de el-Rei D. João III (escrito entre 1628 e 1632 e só publicado em 1844, por A. Herculano).
- Vida de Soror Margarida do Sacramento.
- Vida do Beato Henrique Suso da Ordem dos Pregadores traduzida de latim em português (publicado em 1642).
- Considerações das Lágrimas Que a Virgem N. Senhora Derramou na Sagrada Paixão (publicado em 1646)
Espaço
Ato I:
A ação, neste ato, decorre no palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada, onde se situa a "câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância portuguesa dos principios do sec. XVII" e onde, na cena I, se encontra D. Madalena a ler.
Ato II:
Passa-se no palácio onde D. Madalena e D. João de Portugal viveram, também em Almada, mais particularmente num "salão antigo, de gosto melancólico e pesado, com grandes retratos de familia", de onde se destacam o de el-rei D. Sebastião, de Camões e de D. João de Portugal.
Ato III:
Este momento da ação desenrola - se na "parte baixa do palácio de D. João de Portugal..." e na capela da Senhora da Piedade que com ela comunica.
Tempo
Tempo da Ação:
Ato I - fim de tarde
Ato II - oito dias depois
Ato III - altas horas da noite
Tempo Dramático:
Vem desde o casamento de D. Madalena com D. João de Portugal (antes de 1578); passa pelos sete anos em que se procurou saber do paradeiro de D. João; integra os catorze anos em que D. Madalena esteve casada com Manuel de Sousa, os oito dias em que viveu no palácio de D. João de Portugal, os três dias (1 a 3 de agosto) que este levou até chegar à presença de D. Madalena, até ao dia 4 de agosto - "Hoje".
Como se pode verificar, também o tempo dramático se vai estreitando à medida que o fim trágico se aproxima.
CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO
em Frei Luís de Sousa, de A. Garrett
- Valorização do homem como joguete, não do destino, mas das suas paixões
- Aproximação da realidade
- Linguagem em prosa
Caracterização da Personagens
Madalena de Vilhena
É uma heroína romântica, vive marcada por conflitos interiores e pelo passado. Os sentimentos e a sensibilidade sobrepõe-se à razão e é uma mulher em constante sofrimento. Crê em agoiros, superstições e dias fatais (a sexta-feira). É uma sofredora, tem um amor intenso e uma preocupação constante com a filha Maria, contudo coloca a cima de tudo a sua felicidade e amor ao lado de Manuel de Sousa, mesmo o seu amor à pátria é menor do que o que sente por Manuel. No final da obra, aceita o convento como solução, mas fá-lo seguindo Manuel (ele foi? Eu vou)
Manuel de Sousa Coutinho
É o típico herói clássico, dominado pela razão, que se orienta por valores universais, como a honra, a lealdade, a liberdade; é um patriota, um velho português às direitas, forte, corajoso e decidido (o incêndio), bom marido, pai terno, não sente ciúmes do passado e não crê em agoiros. O incêndio e a decisão violenta de o concretizar é um traço romântico.
Contudo, esta personagem evolui de uma atitude interior de força e de coragem e segurança para um comportamento de medo, de dor, sofrimento, insegurança e piedosa mentira no acto III quando teme pela saúde da filha e pela sua condição social. No final da obra, mostra-se tão decidido como noutros momentos: abandona tudo (bens, vida, mundo)e refugia-se no convento.
Maria de Noronha
É a mulher-anjo dos românticos (fisicamente é fraca e frágil; psicologicamente é muito forte). Nobre, de inteligência precoce, é muito culta, intuitiva e perspicaz. Muito curiosa, quer saber tudo... É uma romântica: é nacionalista, idealista, sonhadora, fantasiosa, patriota, crente em agoiros e uma sebastianista. É a vitima inocente de toda a situação e acaba por morrer fisicamente, tocada pela vergonha de se sentir filha ilegítima (está tuberculosa).
D. João de Portugal
Nobre cavaleiro, está ausente fisicamente durante o I e o II acto da peça. Contudo, está sempre presente na memória e palavras de Telmo, na consciência de Madalena, nas palavras de Manuel e na intuição de Maria. É sempre lembrado como patriota, digno, honrado, forte, fiel ao seu rei; quando regressa, na pele do Romeiro é austero e misterioso, representa um destino cruel, é implacável, destrói uma família e a sua felicidade, mas acaba por ser, também ele, vitima desse destino. Resta-lhe então a solidão, o vazio e a certeza de que ele já só faz parte do mundo dos mortos (é “ninguém”; madalena não o reconhece; Telmo preferia que ele não tivesse voltado pois Maria ocupou o seu lugar no coração do velho escudeiro): D. João é uma figura simbólica: representa o passado, a época gloriosa dos descobrimentos; representa também o presente, a pátria morta e sem identidade na mão dos espanhóis / e é a imagem da pátria cativa.
Telmo Pais
É o velho aio, não é nobre, contudo a sua convivência com as famílias nobres, “deu-lhe” todas as características de um nobre (postura, fala, educação, cultura...). É o confidente de Madalena e de Maria. Fiel, dedicado, é o elo e ligação entre as duas famílias (os dois maridos de Madalena), é a chama viva do passado que alimenta os terrores de Madalena. É muito critico, cria juízos de valor e é através dele que consciência das personagens fragmentada que vive num profundo conflito interior pois sente-se dividido entre D, João e Maria, não sabendo o que fazer. É um sebastianista e sofre muito pela sua lealdade.
Frei Jorge
Irmão de Manuel de Sousa, representa a autoridade de Igreja. É também confidente de Madalena, pois é a ele que ela confessa o seu “Terrível” pecado: amou Manuel de Sousa ainda D. João era vivo. É um uma figura moderadora, que procura harmonizar o conflito, modera os sentimentos trágicos. Acompanha sempre a família, é conciliador, pacificador e impõe uma certa racionalidade, procurando manter o equilíbrio no meio de uma família angustiada e desfeita.
Batalha de Alcácer-Quibir
A Batalha de Alcácer-Quibir conhecida em Marrocos como Batalha dos Três Reis, foi uma batalha travada no norte de Marrocos perto da cidade de Ksar-El-Kebir, entre Tânger e Fez, em 4 de Agosto de 1578. Os combatentes foram os portugueses liderados pelo rei D. Sebastião aliados ao exército do sultão Mulay Mohammed (Abu Abdallah Mohammed Saadi II, da dinastia Saadiana) contra um grande exército marroquino liderado pelo Sultão de Marrocos Mulei Moluco (Abd Al-Malik, seu tio) com apoio otomano.
No seu fervor religioso, o rei D. Sebastião planeara uma cruzada após Mulay Mohammed ter solicitado a sua ajuda para recuperar o trono, que seu tio Abu Marwan Abd al-Malik I Saadi havia tomado. A batalha resultou na derrota portuguesa, com o desaparecimento em combate do rei D. Sebastião e da nata da nobreza portuguesa. Além do rei português, morreram na batalha os dois sultões rivais, originando o nome "Batalha dos Três Reis", com que ficou conhecida entre os Marroquinos.
A derrota na batalha de Alcácer-Quibir levou à crise dinástica de 1580 e ao nascimento do mito do Sebastianismo. O reino foi gravemente empobrecido pelos resgates que foi preciso pagar para reaver os cativos.
A batalha ditou fim da Dinastia de Avis e do período de expansão iniciado com a vitória na Batalha de Aljubarrota. A crise dinástica resultou na perda da independência de Portugal por 60 anos, com a união ibérica sob a dinastia Filipina.
Antecedentes
O rei D. Sebastião, cognominado "o desejado", era filho do Infante Dom João (filho de João III de Portugal) e Joana de Áustria, filha do Imperador Carlos V. Seu pai morrera antes que ele houvesse nascido, e D. Sebastião herdou o trono aos três anos, após a morte do seu avô em 1557. Foi educado quase exclusivamente por jesuítas, pelo seu guardião e tutor Aleixo de Meneses e por sua avó,Catarina de Áustria, esposa de D. João III e irmã de Carlos V. Assumiu o governo em 1568, aos 14 anos.
Preparativos para a batalha
D. Sebastião empregara uma parte significativa da riqueza do Império Português para equipar uma grande frota e reunir um grande exército. Este incluía 2.000 voluntários de Castela (liderados por Alonso de Aguilar), 3.000 mercenários vindos da Alemanha e da Flandres (comandados por Martim da Borgonha) bem como 600 italianos inicialmente recrutados para ajudar uma invasão da Irlanda sob a liderança do Inglês Thomas Stukley, bem como o auxílio em armas e munições.
Fez-se o recrutamento do exército português, mas verificou-se alguma corrupção, o que fez com que o exército expedicionário, de cerca de 15 000 a 23 000 homens, fosse em parte pouco disciplinado, mal preparado, inexperiente e com pouca coesão. A "elite" do exército era composta pelos "aventureiros", nobres portugueses veteranos nas guerras de África e do Oriente, e pelos "mercenários" estrangeiros, veteranos das guerras do norte da Europa. A força expedicionária terá reunido também 500 navios.
A Batalha
A 4 de Agosto de 1578, perto de al-Kasr al-Kebir onde há hoje uma aldeia denominada Suaken, com o exército esgotado pela fome, pelo cansaço e pelo calor, deu-se a batalha.
O exército marroquino avançou em uma ampla frente planejando cercar as fileiras de D. Sebastião. Era composto por 10.000 cavaleiros nos seus flancos tendo em seu centro mouros vindos de Espanha, os quais guardavam especial ressentimento dos cristãos. Apesar de sua doença o Sultão Abd Al-Malik deixou sua liteira e liderou suas forças a cavalo.
O exército português nesta batalha tinha uma primeira linha (vanguarda) composta pelos "aventureiros" portugueses, comandados por Cristóvão de Távora, e pelos voluntários e mercenários estrangeiros, por uma ala esquerda de cavalaria pesada comandada pelo Rei D.Sebastião e por uma ala direita de cavalaria comandada pelo Duque de Aveiro. A segunda linha de infantaria (batalha) era comandada por Vasco da Silveira e a terceira linha de infantaria (retaguarda) por Francisco de Távora. A artilharia estava posicionada sobretudo na primeira linha.
A batalha começou com ambos os exércitos trocando fogo de mosquetes e artilharia. Thomas Stukley, comandando os voluntários italianos foi morto por uma bala de canhão no começo da batalha. A superior, em número, cavalaria moura avançou cercando o exército português, enquanto as forças principais se engajavam completamente em combate corporal. No centro da vanguarda do exército português, os experientes "aventureiros" comandados por Cristóvão de Távora avançaram com grande ímpeto provocando o recuo e a debandada da vanguarda moura. Para deter essa debandada das suas forças, o debilitadoMulei Moluco, monta o seu cavalo pela última vez e morre com o esforço momentos depois. A sua morte é ocultada até ao final da batalha. Próximo do acampamento do líder mouro, o ataque português perde impulso após o comandante se ter apercebido que tinham ficado demasiado afastados do restante exército, assim, correndo risco de isolamento começam a recuar. Vendo seus flancos comprometidos pelo ataque da cavalaria moura, ameaçado ele próprio pela mesma e em retirada o centro português perdeu as esperanças e foi subjugado lentamente. D.Sebastião perante a derrota inevitável, recusa os conselhos de outros nobres para que se renda, tendo dito: "Senhores, a liberdade real só há de se perder com a vida". Os nobres que o acompanhavam a cavalo conformam-se em prosseguir o combate até ao fim, tendo D.Sebastião dito a estes: "Morrer sim, mas devagar!"
Desenlace
A batalha terminou após 4 horas de combate intenso com a completa derrota dos exércitos de D.Sebastião e Abu Abdallah Mohammed II Saadi com quase 9.000 mortos e 16.000 prisioneiros nos quais se incluem grande parte da nobreza portuguesa. Talvez 100 sobreviventes tenham escapado com custo.
Abu Abdallah Mohammed II Saadi, aliado dos portugueses, tentou fugir ao massacre em que a batalha se convertera mas morreu afogado no rio. O Sultão Abd Al-Malik (Mulei Moluco) também morreu durante a batalha, mas de causas naturais, uma vez que o esforço da batalha foi demais para seu estado debilitado. D. Sebastião por sua vez desapareceu liderando uma carga de cavalaria contra o inimigo e seu corpo jamais foi encontrado. Nestas condições, o exército português, pesem alguns atos de grande bravura, foi completamente dizimado. Apesar de na época duvidarem da morte do rei português, é muito provável que ele nesta batalha tenha perecido.
Consequências
As consequências desta batalha foram catastróficos para Portugal. D. Sebastião desaparecera, deixando como sucessor o seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique, que veio a falecer sem descendência dois anos depois. Assim iniciou-se uma crise dinástica ameaçando a independência de Portugal face a Espanha, pois um dos candidatos à sucessão era o seu tio, Filipe II de Espanha.
A disputa do trono português teve vários pretendentes: D. Catarina de Médici, rainha da França, que se dizia descendente de D. Afonso III; D. Catarina,duquesa de Bragança e sobrinha do Cardeal D. Henrique; Manuel Felisberto, duque de Savoia e António de Portugal, Prior do Crato, ambos, sobrinhos do rei;Alberto de Parma e Filipe II.
Filipe efetivamente ascendeu ao trono em 1580. A maioria da nobreza portuguesa que participara na batalha ou morreu ou foi feita prisioneira. Para pagar os elevados resgates exigidos pelos marroquinos, o país ficou enormemente endividado e depauperado nas suas finanças.
Luís Vaz de Camões escreveu, numa carta a D. Francisco de Almeida, referindo-se ao desastre de Alcácer-Quibir, à ruína financeira da Coroa portuguesa e à independência nacional ameaçada: "Enfim acabarei a vida e verão todos que fui tão afeiçoado à minha Pátria que não só me contentei de morrer nela, mas com ela".
Perto de al-Kasr al-Kebir, numa aldeia denominada Suaken onde se deu a Batalha e, provavelmente, onde foram, naquela altura, enterrados os três reis, encontra-se um obelisco em memória de D. Sebastião e mais dois em memória dos outros dois reis. A batalha ainda hoje é conhecida em Marrocos como a "Batalha dos Três Reis".
D. Sebastião
D. Sebastião I de Portugal (Lisboa, 20 de Janeiro de 1554 — Alcácer-Quibir, 4 de Agosto de 1578) foi o décimo sexto rei de Portugal, cognominado O Desejado por ser o herdeiro esperado da Dinastia de Avis, mais tarde nomeado O Encoberto ou O Adormecido. Foi o sétimo rei da Dinastia de Avis, neto do rei João III de quem herdou o trono com apenas três anos.

Nascimento
Era filho do príncipe Dom João e de Dona Joana de Áustria. Seus avôs paternos eram o rei de Portugal Dom João III e a Rainha Dona Catarina. Seus avôs maternos eram o imperador Carlos V e a Imperatriz Dona Isabel. Dona Isabel era irmã de Dom João III.
Reinado
Aos 14 anos, D. Sebastião assume a governação. Sonhava com batalhas, conquistas e a expansão da Fé, profundamente convicto de que seria o capitão de Cristo numa novacruzada contra os mouros do Norte de África.
D. Sebastião começou a preparar a expedição contra os marroquinos da cidade de Fez. Filipe II de Espanha, seu primo, recusou participar e adiou o casamento de D. Sebastião com uma das suas filhas para depois da campanha.
O exército português desembarcou em Marrocos em 1578 e D. Sebastião rumou imediatamente para o interior. Tinha 24 anos de idade.
Desaparecimento
Na batalha de Alcácer-Quibir, o campo dos três reis, os portugueses sofreram uma derrota às mãos do sultão Abd al-Malik (Mulei Moluco) e perderam uma boa parte do seu exército. Quanto a D. Sebastião, morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Conta-se que, ao ser aconselhado a render-se, e a entregar a sua espada aos vencedores, o rei se tenha recusado com altivez, dizendo: "A liberdade real só há de perder-se com a vida." Foram as suas últimas palavras, e é-nos dito que ao ouvi-las, "os cavalleiros arremeteram contra os infieis; D. Sebastião seguiu-os e desapareceu aos olhos de todos envolto na multidão, deixando ... a posteridade duvidosa ácerca do seu verdadeiro fim. Há quem defenda, por outro lado, que o seu corpo tenha sido enterrado logo em Ceuta, "com toda a solemnidade". Mas para o povo português de então o rei havia apenas desaparecido. Este desastre teria as piores consequências para o país, colocando em perigo a sua independência. O resgate dos sobreviventes ainda mais agravou as dificuldades financeiras do país.
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