"D. TAREJA"
As nações todas são mysterios.
Cada uma é todo o mundo a sós.
Ó mãe de reis e avó de imperios,
Vella por nós!
Teu seio augusto amamentou
Com bruta e natural certeza
O que, imprevisto, Deus fadou.
Por elle resa!
Dê tua prece outro destino
A quem fadou o instincto teu!
O homem que foi o teu menino
Envelheceu.
Mas todo vivo é eterno infante
Onde estás e não ha o dia.
No antigo seio, vigilante,
De novo o cria!
O poema
D. Tareja enquadra-se na primeira parte da Mensagem, o Brasão
(os
construtores do império) corresponde ao nascimento, com referência à mitose
figuras históricas, identificadas nos elementos dos brasões. Dá-nos conta que
Portugal erguido pelo esforço dos heróis e destinados a grandes feitos. É a
parte onde Pessoa apresenta a proposta portuguesa ao mundo.D. Tareja mais não é
que a fonia medieva de D. Teresa, mãe de Afonso Henriques e por isso começo e
origem de Portugal, pelo menos simbolicamente. Poema constituído por 4 quadras.
A
primeira quadra do poema:
Cada
nação é um mundo a sós, que todas são mistérios: o mistério
é o destino que espera ser cumprido no futuro.
A mãe de reis e avó de impérios é o começo
do revelar desse mistério: D. Teresa é mãe de reis D. Afonso Henriques, e avó
de impérios a partir de Afonso, a ideia de Império começa-se a formar.
A
segunda quadra do poema;
D. Teresa amamentou com seio augusto D.
Teresa era filha do rei de Leão e
Castela
D.Afonso VI com bruta e natural certeza, o que,
imprevisto, Deus fadou: refere-se aos conflitos que depois de criado D. Afonso
Henriques este se virou contra a sua mãe e não desistiu mesmo coma probabilidade do seu fracasso.
A
terceira quadra do poema:
Crítica
social aos anos de 1930.
Que a tua prece nos guie em melhor
direcção, do que aquela que seguimos por ordem de quem deu seguimento ao caminho que tu iniciaste.
O teu menino envelheceu poderá significar
a memória e a vontade de luta e orgulho português que se vão desvanecendo,
referindo-se um pouco ao episódio do mapa cor-de-rosa.
A
quarta quadra do poema:
A quarta quadra confirma a 3ª: todo o
vivo é eterno infante quer dizer que a esperança nunca deve ser perdida,
devemos lutar pelos nossos objectivos, voltar á origem, infante ou original.
Faz uma
prece a D. Teresa já que deu à luz o 1º rei de Portugal, que sirva de modelo
para aclamar de novo o orgulho e ambição dos
portugueses para poderem ser maior do que o que podem ser
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